Repetidas até à exaustão, as imagens digitais informam, escondem, mentem, encaminham, adormecem. Os olhos seguem o insólito, o fútil, «estou aqui, não me estás a ver», bebem o crime até ao sangue. A bola rola, torna a rolar. Imagem e som oco preenchem o vazio, perturbam a lógica e a fala. Haja máquinas que recolham e transmitam imagens e sons. Abençoadas. Penduradas nas mãos, nos ombros, nos ouvidos, no pescoço. É com elas que falamos. Não, boca a boca, mão a mão. Mas de repente os olhos humedecem maravilhados com a beleza das imagens. São momentos raros como um pássaro que vem pousar numa janela de cidade.
No tempo mais agreste, no jardim, na boca do vulcão, o amor canta, o riso explode, as violetas florescem azuis entre as pedras, os catos eriçam e abrem entre picos as suas flores amarelas.