Uma larga frente, estruturada na organização social e política dos concelhos, frente que envolvia os ventres ao sol (os que não tinham armadura para encorajarem a barriga), os burgueses (não já habitantes do burgo mas no sentido moderno de alugadores da força de trabalho nos campos, nos ofícios e detentores de capitais) e também elementos da pequena nobreza, empunhando a bandeira da independência nacional, ousou derrubar o governo legal quase sagrado, arrear o poder senhorial em numerosas cidades e vilas, quebrar cadeias servis que sufocavam a produção agrícola mercantil, abrir largamente o aparelho de Estado às novas forças sociais, transformando-o em aparelho nacional, largamente ao serviço da produção mercantil e do comércio marítimo (a própria guerra, o próprio ofício de defensor não consegue libertar-se mais da inserção numa estratégia comandada pelo mercado e a colonização capitalista). Tudo isto é uma outra maneira de dizer, explicando, que, em 1383, se iniciou a primeira revolução burguesa nacional triunfante.