:: Ribeiro Dos Reis
Astregildo Silva
Ribeiro dos Reis foi tudo no desporto português — atleta, seleccionador
nacional de futebol, treinador, presidente da Assembleia geral do Sport
Lisboa e Benfica, dirigente da FIFA para o Sector da Arbitragem e das
Leis do Jogo e muito, muito mais.
A sua carreira no Benfica não pode distanciar-se da sua formação
republicana e militar. Não sendo rico, a profissão de oficial do
Exército honrava-o e convinha-lhe. Mas o Estado Novo estava de olhos
postos nele. As reportagens dos Jogos Olímpicos de Berlim (1936) foram
de uma neutralidade quase exaustiva. Por outro lado, como jornalista e
fundador do jornal A Bola, mantinha nos seus escritos o espírito
independente que ainda hoje caracteriza aquele jornal. Viveu o Benfica,
sofreu por ele e com ele, entregou-se-lhe e só se distanciou ao ter a
certeza de que estava garantido para o seu clube um futuro de grandeza.
Mal sabia Ribeiro dos Reis que, após anos de glória, surgiram em épocas
recentes a desconfiança e a desmobilização. Para ele e para os que com
ele sonharam, como se afirma nesta obra, «[..] ser benfiquista é um
conceito superior à mera qualidade de apoiar um clube desportivo
intitulado SLB. Ser benfiquista é ser glorioso na vida para todo o
sempre. É poder ultrapassar a própria lei da morte. É morrer e voltar a
viver. É viver sempre, eternamente, com o espírito das águias de Lisboa
encerrado no peito.»